quarta-feira, 9 de abril de 2014

A escola que eu habito em mim

A escola em que habito em mim, tem um muro baixo, por onde os passantes pulam o muro entrando e os alunos pulam o muro para sair.
A escola que habito tem os alambrados da quadra cortados, onde os passante que entraram jogam bola, e os demais alunos não podem jogar e por isso saem pelos muros, passando pelos alambrados.
Esse espaço de todos e principalmente dos meus alunos, são habitados sem consentimento por muitos outros que furtam esse espaço dedicado a educação.
Claramente, perco meus sentidos, quando vejo tudo isso e percebo que outros também vê e como eu nu de poderes, perdemo-nos das falácias daqueles que nunca conheceu o meu espaço, a minha habitação.
Todos tivemos nossos sonhos profissionais usurpados de nossa habitação, que foram levados mesmo sem querer por aqueles que estavam sem um lápis sequer.
Achava eu, que a maior arma era a caneta, mas como usá-la quando em minha habitação essas armas transbordam nos armários como em um alagamento, e ao mesmo tempo inundam os lixos da sala de aula. Percebo que quando não se sabe atirar, qualquer arma é entulho. Esses materiais todos os dias são quebrados, jogados fora ou simplesmente esquecidos em casa.
A escola que habito perde-se naqueles que não permanecem nas salas do saber, mas se esgueiram nos corredores da escuridão do conhecimento e dos banheiros repleto de maus exemplos.
A função didática,perde-se ao convívio social, cheio de vícios, periféricos e tão perfeitos que nunca conseguimos solucionarmos.
Minhas mesas estão quebradas, pichadas e pior, a grafia de tudo isso está errada. As cadeiras, poucas, quebram-se tão rapidamente que em abril já começa a faltar em minhas salas. Carteiras, separadas, quebradas, rachadas, riscadas, duvido acharem uma que não fora utilizada da maneira correta. E pensar que os egípcios há 2400 anos Antes de Cristo, eram mais evoluídos no quesito escrita no papel (papyro naquele período) do que muitos de nós hoje.